A companhia era a unidade administrativa básica da cavalaria portuguesa, quer para as forças pagas (exército profissional), quer para as milícias da ordenança, auxiliares, moradores e pilhantes ou amunicionados. Em 1661 houve uma proposta do Conde de Schomberg para que a cavalaria portuguesa passasse a adoptar o sistema regimental. Nada se concretizou devido às fortes resistências encontradas, entre outros motivos porque essa alteração implicaria a perda de prerrogativas sociomilitares dos capitães, muito arreigadas na tradição. O mais que se conseguiu, a partir de 1664, foi a introdução de troços, agrupamentos regulares de companhias sob o comando de um comissário geral. Na verdade, antes daquela data já existiam troços, visto que era a designação em uso para qualquer agrupamento de companhias, mas só depois assumiram um carácter normativo: oito companhias por troço, incluindo a do comissário geral. No entanto, não eram unidades permanentes, uma vez que só em período de campanha se formavam os troços.
O número de efectivos previstos por companhia do exército profissional variou muito ao longo da guerra. O máximo de 100 militares fixado no início do conflito desceu pouco tempo depois para 80, voltou aos 100, de novo aos 80, depois 60, outra vez 100 e regressou aos 80, tudo isto entre o início de 1641 e os finais de 1648. A influência do Conde de Schomberg levou à fixação de 65 militares por companhia, a partir de Novembro de 1661. Mas uma coisa era a força prevista no papel e outra a que realmente era possível apresentar no terreno. Deste modo, tanto era possível encontrar companhias com cerca de duas dezenas de cavalos, como outras, mais raras, com efectivos acima da centena! O mais vulgar, no entanto, era alinharem entre 30 e 60 cavalos. O efectivo teórico das companhias de auxiliares foi estabelecido em 50, logo no ano da criação daquela força miliciana montada (1650). A cavalaria da ordenança e as companhias de moradores e pilhantes não tinham um efectivo estipulado, embora fosse esperado que imitassem a dotação das forças pagas.
Qualquer que fosse o seu total de efectivos, uma companhia compunha-se de uma primeira plana com capitão, tenente, alferes (embora oficialmente não existissem nas companhias de arcabuzeiros a cavalo, muitas tinham-nos), furriel, capelão, dois trombetas, ferrador e um pagem por cada oficial. O restante efectivo era repartido em esquadras de 20 a 25 soldados, cada uma comandada por um cabo de esquadra. Esta organização era idêntica para o exército profissional e para todo o tipo de forças milicianas. No entanto, até nas forças pagas era difícil dotar as companhias de capelão e ferrador, e muitas só tinham um trombeta.
O capitão, cuja patente era atribuída por decreto régio, nomeava os restantes oficiais e os cabos de esquadra. No caso das companhias da ordenança, eram as câmaras que nomeavam ou elegiam os capitães. Os oficiais das companhias de auxiliares podiam provir das forças pagas, mas nesse caso recebiam um soldo mais reduzido. Pelo menos uma companhia de pilhantes chegou a ser comandada, no início da década de 50, por um oficial estrangeiro (francês) proveniente das forças pagas.
Imagem: Companhias portuguesas de cavalos arcabuzeiros, também designadas por arcabuzeiros a cavalo, carabinas, cravinas ou clavinas. Painel representativo da Batalha do Ameixial (1663), “Sala das Batalhas”, Palácio dos Marqueses de Fronteira. Foto do Comandante Augusto Salgado.
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Parabéns pela dedicação a um período específico da História de Portugal.
Caro Sr. Alfredo Ramos Anciães,
Muito obrigado pelas simpáticas palavras. Espero que continue a visitar com agrado este espaço.
Os melhores cumprimentos.
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