A mostra de 29 de Junho de 1644 foi feita com o intuito de verificar os efectivos reais da cavalaria na província do Alentejo, um mês volvido sobre o desastre das forças montadas do exército português na batalha de Montijo, e aquilatar as necessidades em cavalos, armamento e equipamento.
No rol da mostra não se faz qualquer referência a regimentos de cavalaria ou dragões, somente a cada companhia, sob o título genérico “Cavalaria Holandesa”; havia 8 companhias de cavalos e 4 de dragões – estas só se distinguem pelo armamento descrito. A cavalaria (e dragões) dos holandeses contava com um efectivo de 448 homens, correspondente então a 26,8% do total da província, contando soldados montados e apeados. No entanto, cerca de 40% dos soldados holandeses não estavam providos de cavalos.
Ao contrário da cavalaria francesa, que não estava equipada com murriões, peitos e espaldares, a cavalaria holandesa estava munida deste equipamento, tal como as companhias portuguesas, embora uma parte dele estivesse em falta. Só os dragões não tinham qualquer tipo de protecção metálica.
Eis os efectivos detalhados (não estão incluídos os oficiais das companhias, nem os furriéis, trombetas e ferreiros):
Companhia do coronel Jan Willem van Til: soldados montados – 49; apeados – 3; carabinas – 9; pistolas – 54; peitos – 28; espaldares – 27; murriões – 22.
Cª do sargento-mor Alexandre van Harten: soldados montados – 23; apeados – 7; carabinas – 25; pistolas – 56; peitos – 28; espaldares – 28; murriões – 28.
Cª do capitão Conrad Piper: soldados montados – 22; apeados – 12; carabinas – 11; pistolas – 44; peitos – 22; espaldares – 22; murriões – 22.
Cª do capitão van Wagen (ou Wagenheim): soldados montados – 43; apeados – 10; carabinas – 9; pistolas – 78; peitos – 3; espaldares – 3; murriões – 2.
Cª do capitão Mauricius Lamair (2): soldados montados – 19; apeados – 6; carabinas – 2; pistolas – 38; peitos – 1; espaldares – 1; murriões – 1.
Cª do capitão Jacob de Cleer (2): soldados montados – 25; apeados – 7; carabinas – 1; pistolas – 46; peitos – 24; espaldares – 24; murriões – 24.
Cª do capitão Mathias Waremburg (1): soldados montados – 22; apeados – 18; carabinas – 4; pistolas – 35; peitos – 23; espaldares – 23; murriões – 23.
Cª do capitão Willem Segres van Wassenhoven: soldados montados – 20; apeados – 29; carabinas – 4; pistolas – 26; peitos – 4; espaldares – 4; murriões – 4.
Cª [dragões] do capitão Frederik van Plettemburg (2): soldados montados – 20; apeados – 11; arcabuzes – 25.
Cª [dragões] do capitão Joan de La Roche: soldados montados – 13; apeados – 27; arcabuzes – 24.
Cª [dragões] do capitão Sigismundus Finkeltous (2): soldados montados – 7; apeados – 23; arcabuzes – 30.
Cª [dragões] do capitão Frederik Streecht (1): soldados montados – 9; apeados – 23; arcabuzes – 31.
(1) Estes capitães não deixaram o serviço em meados de 1642, apesar de terem então recebido passaporte para regressar à sua terra natal (quando escrevi O Combatente durante a Guerra da Restauração…, o período conhecido de serviço destes militares, em face da documentação consultada, não ia além de 1642; fica aqui a correcção).
(2) Estes capitães não deixaram o serviço da Coroa Portuguesa em 1643, conforme refiro a pgs. 87-88 de O Combatente durante a Guerra da Restauração…, mas somente após o termo do primeiro contrato, em meados do ano seguinte.
Fonte principal: ANTT, Conselho de Guerra, Consultas, 1644, mç. 4-A, nº 264, doc. anexo à consulta de 12 de Julho de 1644, “Rezumo das Companhias de Cauallo que neste Ex.to Seruem a SMgde Apresentado na mostra que se comesou em 29 de Junho 1644”.
Imagem: Cavalaria do período da Guerra Civil Inglesa. “History Day”, Kelmarsh Hall, 2007. Foto de J. P. Freitas.
Uma temática pouco ususal, mas muito interessante, na blogosfera portuguesa. Parabéns pelo blogue.
Caro JM,
Muito obrigado pela sua visita e comentário. O seu blogue é muito interessante. Tomei a liberdade de o acrescentar às ligações, sob a entrada “Património”.
Cumprimentos
Jorge P. Freitas
Pingback: O novo contrato com os mercenários holandeses, Julho de 1644 (1ª parte) « Guerra da Restauração
É de facto peculiar mas não deixa de ser interessante este tema relacionado com a cavalaria portuguesa em território alentejano.
Parabéns pelo blog
Muito obrigado pelo seu comentário.
Cumprimentos
Jorge P. Freitas