À margem dos terços de infantaria, existiam também algumas companhias pagas independentes (“soltas”, como se dizia na época), sobretudo na guarnição de localidades de menor importância. Todavia, a sua manutenção e capacidade operacional eram facilitadas com a integração num terço, de modo que as companhias soltas tinham normalmente uma duração limitada enquanto unidades independentes. Ou eram dissolvidas ao fim de algum tempo, ou passavam a fazer parte de um terço.
Um dos vários casos documentados respeita ao exército do Alentejo, no ano de 1664. Um decreto de 9 de Novembro desse ano ordenava que o Conselho de Guerra desse o seu parecer sobre o terço que, segundo o mestre de campo general do exército do Alentejo Gil Vaz Lobo, seria necessário formar com as companhias soltas de infantaria daquela província. O mestre de campo general afirmava que as companhias se poderiam conservar melhor desse modo, e solicitava que o comando do terço fosse atribuído ao mestre de campo António Tavares de Pina. O Conselho de Guerra pediu então informações mais detalhadas sobre as companhias e as praças onde se encontravam.
Em resposta, Gil Vaz Lobo escreveu de Estremoz uma carta, em 22 de Dezembro. Nela referia que, das 15 companhias (deveriam ser 16, mas uma ainda não estava formada), o Rei deveria mandar formar um terço a 12 companhias, agregando-se as 3 de Monsaraz ao terço da guarnição de Mourão. Em anexo à sua carta enviou uma relação detalhada, intitulada “Rellação das Companhias de infantaria soltas que ha na Provincia de Alentejo, e da gente com que se achão”. É com base nessa relação que a seguir se apresenta a situação das companhias de infantaria:
– 5 companhias da guarnição do Crato, que se encontravam nessa altura a guarnecer Valência de Alcântara: 20 oficiais e 240 soldados, dos quais 29 se encontravam doentes.
– 1 companhia que se levantou no Crato, para a guarnição de Montalvão: 4 oficiais, 50 soldados.
– 2 companhias da guarnição de Avis que assistem em Monforte: 8 oficiais, 40 soldados. Deveria haver uma terceira companhia da mesma guarnição, mas ainda não estava formada.
– 1 companhia da guarnição de Alter do Chão: 2 oficiais, 30 soldados.
– 1 companhia da guarnição de Fronteira, assistindo em Monforte: 3 oficiais, 28 soldados.
– 3 companhias da guarnição de Monforte: 9 oficiais, 34 soldados.
– 1 companhia da guarnição de Alegrete: 4 oficiais, 36 soldados.
– 1 companhia da guarnição de Marvão: 4 oficiais, 30 soldados.
– 3 companhias da guarnição de Monsaraz: 17 oficiais, 108 soldados.
Totais: 71 oficiais, 567 soldados, dos quais 29 se encontravam doentes.
Note-se que o conceito de “oficial” abrangia os postos de capitão, alferes e sargento. A praça de Valência de Alcântara, onde se encontravam os soldados doentes, tinha sido conquistada em 1664.
Fonte: ANTT, Conselho de Guerra, Consultas, 1664, maço 24-A.
Imagem: Valência de Alcântara. Planta publicada em La memoria ausente. Cartografia de España y Portugal en el Archivo Militar de Estocolmo. Siglos XVII y XVIII.
Só lhe queria passar a informação que a seguinte obra encontra-se disponível on-line (é possível que lhe interesse, se é que não a conhece já):
Don Geronymo Mascareñas, “Campaña de Portugal por la parte de Estremadura el año de 1662”.
Deixo o endereço:
http://books.google.com/books/bnc?id=nUmOYWs4838C&printsec=frontcover&dq=portugal&prstct=1&lr=&as_brr=1&hl=ca&cd=9#v=onepage&q=&f=false
Muitíssimo obrigado pela informação, Sr. Edgar Cavaco.
Cumprimentos
Jorge P. Freitas
El plano que acompaña al texto no representa, según se indica en una nota al pie del artículo, a la localidad de Valencia de Alcántara, sino que, como bien señala el propio dibujo, se refiere a la Villa de Alcántara. Una señal evidente de que es así la tenemos en la existencia del famoso Puente Romano sobre el río Tajo, que aparece dibujado a la derecha de la fortificación.
Juan Antonio Caro del Corral
Erro meu, estimado amigo Juan Antonio.
Já emendei.
Muito obrigado
Jorge