Mais uma vez estou em dívida para com o estimado amigo Juan Antonio Caro del Corral, que me fez recentemente chegar alguns documentos do Arquivo Geral de Simancas. Um deles diz respeito ao Real Ejército de Extremadura, que era oponente do Exército da Província do Alentejo no principal teatro de operações da Guerra da Restauração. Trata-se de uma listagem detalhada das unidades e respectivos efectivos, semelhante às que tenho divulgado para o lado português. Aqui o transcrevo, traduzido para português, deixando os meus agradecimentos ao Juan Antonio.
Relação dos oficiais e soldados que apareceram na mostra que em três do presente mês [de Julho] se fez ao quatros terços seguintes, nos quartéis de Valverde e Villar del Rey
a) INFANTARIA
Em Valverde
Terço da Nobreza
Companhia do mestre de campo: 6 oficiais, 10 soldados; total: 16 homens.
Companhia do capitão D. Cristoval Hortuño: 6 oficiais, 13 soldados; total: 19 homens.
Companhia do capitão D. Francisco Ortiz de Cayas: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.
Companhia do capitão D. Fernando de Godoy: 7 oficiais, 24 soldados; total: 31 homens.
Companhia do capitão D. Alonso de Esquível: 6 oficiais, 47 soldados; total: 53 homens.
Companhia do capitão D. Cristoval de Vargas: 7 oficiais, 43 soldados; total: 50 homens.
Companhia do capitão D. Garcia Dávila: 6 oficiais, 44 soldados; total: 50 homens.
Companhia do capitão D. Juan de Villaverde: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.
Companhia do capitão D. Pedro Tasso: 6 oficiais, 21 soldados; total: 27 homens.
Companhia do capitão D. Juan Antonio de Rojas: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.
Companhia do capitão D. Lorenzo de Cevallos: 6 oficiais, 20 soldados; total: 26 homens.
Companhia do capitão D. Juan de Inegista: 5 oficiais, 5 soldados; total: 10 homens.
Companhia do capitão D. Suero Garcia Fuero de Valdés: 8 oficiais, 29 soldados; total: 37 homens.
Companhia do capitão D. Antonio Saens de la Peña: 8 oficiais, 33 soldados; total: 41 homens.
Companhia do capitão D. Antonio Juarez de Alarcon: 6 oficiais, 29 soldados; total: 35 homens.
Companhia do capitão D. Francisco Ortiz de Cayas: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.
Companhia do capitão D. Alonso de Parada: 6 oficiais, 13 soldados; total: 19 homens.
Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 13 oficiais.
TOTAL DO TERÇO: 123 oficiais, 464 soldados; total: 587 homens.
Terço do mestre de campo D. Francisco Xedler
Companhia do mestre de campo: 7 oficiais, 92 soldados; total: 99 homens.
Companhia do capitão D. Álvaro de Tomes [?]: 8 oficiais, 69 soldados; total: 77 homens.
Companhia do capitão D. Luis Manrique: 6 oficiais, 42 soldados; total: 48 homens.
Companhia do capitão D. Luis de Arrazola: 6 oficiais, 76 soldados; total: 82 homens.
Companhia do capitão D. Cristoval Calvo de la Banda: 6 oficiais, 65 soldados; total: 71 homens.
Companhia do capitão D. Francisco Velasco y Latorre: 6 oficiais, 55 soldados; total: 61 homens.
Companhia do capitão D. Manuel de la Rua: 7 oficiais, 65 soldados; total: 72 homens.
Companhia do capitão D. Diego Cortazar: 7 oficiais, 98 soldados; total: 105 homens.
Companhia do capitão D. Manuel Moreno: 8 oficiais, 79 soldados; total: 87 homens.
Companhia do capitão D. José de Olivares: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.
Companhia do capitão D. Alonso Velloso: 6 oficiais, 93 soldados; total: 99 homens.
Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 7 oficiais.
TOTAL DO TERÇO: 81 oficiais, 806 soldados; total: 887 homens.
Terço do mestre de campo D. Patricio Geraldino, de nação irlandesa
Companhia do mestre de campo: 7 oficiais, 56 soldados; total: 63 homens.
Companhia do capitão D. Mauro Suyne: 6 oficiais, 41 soldados; total: 47 homens.
Companhia do capitão D. Diego Geraldino: 6 oficiais, 43 soldados; total: 49 homens.
Companhia do capitão D. Eduardo Butler: 7 oficiais, 57 soldados; total: 64 homens.
Companhia do capitão D. Edmundo de Burgo: 7 oficiais, 40 soldados; total: 47 homens.
Companhia do capitão D. Dionisio Cavanal: 6 oficiais, 47 soldados; total: 53 homens.
Companhia do capitão D. Raymundo Roch: 10 oficiais, 63 soldados; total: 73 homens.
Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 15 oficiais.
TOTAL DO TERÇO: 64 oficiais, 347 soldados; total: 411 homens.
Em Villar del Rey
Terço do mestre de campo Marquês de Falies [?]
Companhia do mestre de campo: 4 oficiais, 28 soldados; total: 32 homens.
Companhia do capitão D. Nicolas de Arevalo: 6 oficiais, 68 soldados; total: 74 homens.
Companhia do capitão Matias Sanchez Murillo: 6 oficiais, 62 soldados; total: 68 homens.
Companhia do capitão D. José de Velasco: 6 oficiais, 61 soldados; total: 67 homens.
Companhia do capitão D. Juan Carrasco y Zambran: 6 oficiais, 58 soldados; total: 64 homens.
Companhia do capitão D. Rodrigo Murillo: 6 oficiais, 45 soldados; total: 51 homens.
Companhia do capitão D. Bernardo Piñan del Castillo: 6 oficiais, 62 soldados; total: 68 homens.
Companhia do capitão D. Pedro Ruiz de Prado: 6 oficiais, 30 soldados; total: 36 homens.
Companhia do capitão D. Pedro de Peralta: 6 oficiais, 49 soldados; total: 55 homens.
Companhia do capitão D. Fernando Varela: 6 oficiais, 25 soldados; total: 31 homens.
Companhia do capitão D. Heronimo de Arce: 7 oficiais, 12 soldados; total: 19 homens.
Companhia do capitão D. Martin de Viana: 4 oficiais, 22 soldados; total: 26 homens.
Companhia do capitão D. Celedon Dencisso [?]: 6 oficiais, 17 soldados; total: 23 homens.
Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 5 oficiais.
TOTAL DO TERÇO: 80 oficiais, 539 soldados; total: 619 homens.
TOTAL DOS TERÇOS EM VALVERDE E VILLAR DEL REY: 348 0ficiais, 2156 soldados; TOTAL: 2504 homens.
b) CAVALARIA
Em Barcarrota
Companhia do governador da cavalaria: 3 oficiais, 49 soldados; total: 52 homens.
Companhia de D. Alonso Velez: 4 oficiais, 54 soldados; total: 58 homens.
Companhia de D. Pedro Gonzalez de Sepiclueda [?]: 4 oficiais, 23 soldados; total: 27 homens.
Companhia de D. Alonso Velez: 4 oficiais, 54 soldados; total: 58 homens.
Companhia do Conde de Piñonrostro: 2 oficiais, 7 soldados; total: 9 homens.
Companhia de D. Francisco Sellan: 4 oficiais, 47 soldados; total: 51 homens.
Companhia de Pedro Pardo: 5 oficiais, 61 soldados; total: 66 homens.
Companhia de D. Gregorio Ortiz de Ibarra: 5 oficiais, 42 soldados; total: 47 homens.
Companhia de D. Juan Guerrero: 4 oficiais, 26 soldados; total: 30 homens.
Companhia que foi do capitão D. Juan Daza, que por sua morte se deu ao capitão D. Dionizio Ornahuno, que é formada de soldados de nações [ou seja, estrangeiros] que do Reino de Portugal se têm vindo a render a este exército: 2 oficiais, 64 soldados; total: 66 homens.
No Almendral
Companhia do Príncipe de Esquilache: 4 oficiais, 46 soldados; total: 50 homens.
Na Torre
Companhia do capitão D. Rodrigo de Cantos: 3 oficiais, 41 soldados; total: 44 homens.
Em Valverde
Companhia de Jaime Belmar: 5 oficiais, 19 soldados; total: 24 homens.
Companhia de D. Francisco Pacheco: 4 oficiais, 44 soldados; total: 48 homens.
Companhia de D. Juan de Inzueta: 4 oficiais, 29 soldados; total: 33 homens.
Companhia de D. Lucas de Ruezga: 3 oficiais, 18 soldados; total: 21 homens.
TOTAL DAS COMPANHIAS DE CAVALARIA EM BARCARROTA, ALMENDRAL, TORRE E VALVERDE: 56 0ficiais, 570 soldados; TOTAL: 626 homens.
A partir desta relação constata-se que o Real Exército de Extremadura contava com um total de 3.130 homens, dos quais 2.504 eram de infantaria (80%) e 626 de cavalaria (20%). De notar o elevado número de companhias (17) do terço da nobreza, bem como o rácio entre oficiais e soldados (mais de 1 oficial para 5 soldados) dessa unidade, o que, considerando o reduzido efectivo total, a tornaria pouco eficaz como unidade operacional. No entanto, neste segundo ano do conflito, a guerra fronteiriça ainda só conhecera pequenas operações de saque e pilhagem, e a situação do lado português era também de alguma ineficácia organizativa – algo que só começaria a ser mudado nos inícios de 1643, mas muito lentamente.
Fonte: Arquivo General de Simancas, Guerra y Marina, Legajo 1460, “Relación detallada del número de infantería y caballería que forma parte del denominado Real Ejército de Extremadura, acuartelado en la ciudad de Badajoz y villas circunvecinas. Julio de 1642″.
Imagem: Tropas holandesas desarmando-se (c. 1631). Pintura de Joost Cornelisz (1586-1666), Rijksmuseum, Amesterdão.
Mi enhorabuena por la pagina Jorge, es magnifica. Perdona que no hable en portugues pero es que es muy malo.
Soy historiador de Villanueva del Fresno, y tu página me ha servido de mucha ayuda para conocer su historia porque soy un entusiasta de la Guerra da Restauraçao.
Ahora estoy a trabajar sobre el texto de Ioao Salgado de Araujo sobre la guerra. Además quería informarte que se estan llevando a cabo en el Castillo de Villanueva del Fresno trabajos arqueológicos y de restauración, lo que sacará a la luz más información sobre ese periodo. Seguro que algo saldrá, y si es asi, lo compartiré con vosotros aqui.
Solo queria realizarte una consulta sobre si no habia tercios en Villanueva, ya que no aparecen en este articulo.
Y otra cuestion, es sobre un articulo del mes pasado, pues no conocia que a Villanueva del Fresno se le conociera como Villanueva de Rei, solo conocia que se le nombró Villanueva de Portugal tras la conquista. Me podrias decir de que epoca hablamos al nombrarla como Vilanova de Rei?
Muchas Gracias de antemano y enhorabuena de nuevo.
Por cierto, si te puedo ayudar en algo, no tienes más que decirlo
Estimado José Emilio:
Aunque en el documento sobre la Muestra de Tropa (encabeza esta entrada del Blog) que envie a Jorge Freitas no cita milicia acuartelada en Villanueva del Fresno, existen otra serie de documentos que sí ofrecen datos relativos al número de soldados que exístian en aquella plaza.
La fecha concreta es el mes de septiembre de 1642, y para entonces se citan dos compañías de caballos sumadas a una pequeña tropa de jinetes milicianos, que daban un total de 39 jinetes. En cuanto a la infantería, también se habla de otras cinco compañías con 344 soldados entre sus filas, incluyendo la oficialidad.
Hay otros datos que refieren el coste total de la paga mensual de dichos cuerpos (cerca de 14 maravedíes); acompañan informes sobre lugares circunvecinos a Villanueva, caso de Valverde, Alconchel, Villar del Rey, Oliva, Cheles, Jérez de los Caballeros….
Espero que estos datos contribuyan a ampliar la historia local de Villanueva.
Un saludo
Juan Antonio Caro del Corral
Muito obrigado pelo comentário, estimado José Emílio.
Peço desculpa por só agora poder publicar o teu comentário, mas estive alguns dias sem acesso à internet.
Mais logo responderei às tuas questões.
Cumprimentos
Jorge P. Freitas
Estimado José Emílio
As respostas foram dadas por mail particular, mas faltou-me responder a uma questão, e só agora dei por essa falha, motivo pelo qual peço desculpa. A questão sobre a existência de terço ou terços em Villanueva del Fresno: de facto, não consta qualquer referência na lista, pelo que é de pressupor que a localidade fosse guarnecida por companhias de cavalaria e de infantari da milícia, não por tropas pagas. Mas a lista que me foi enviada por Juan Antonio Caro del Corral refere-se a uma mostra de tropas pagas, por isso não inclui unidades de milicianos.
Cumprimentos
Jorge P. Freitas