A campanha do forte de Telena em 1646 – prólogo: a emboscada na Atalaia da Terrinha (Março de 1646)

A campanha de 1646, executada a partir da província do Alentejo, foi a última a ser levada a cabo em vida de D. João IV. Seria preciso esperar mais de 10 anos, e muito por força da iniciativa espanhola, para que a fronteira de guerra alentejana fosse, de novo, palco de grandes acções militares.

Dessa campanha de 1646 ficou célebre o assalto ao forte de Telena. Um episódio bélico frequentemente recordado no historial de cada indivíduo que nela participou, em especial entre os oficiais. Sempre que alguém era proposto para a ocupação de um posto ou cargo, invariavelmente apresentava na resenha da sua carreira o assalto ao forte de Telena. Do mesmo modo, em cartas patentes mais alongadas, o oficial promovido via ser mencionado esse acontecimento que, à época, foi considerado muito relevante. É do assalto ao forte de Telena que esta pequena série de artigos se ocupará. Mas, em jeito de prólogo, principiaremos por tomar conhecimento de um episódio corriqueiro da guerra de fronteira, igual a tantos outros e tantas vezes repetidos. Este, todavia, teria implicação na alteração do comando da cavalaria para campanha que se avizinhava.

A ideia de atacar o forte que os espanhóis tinham construído em Telena, localidade que os portugueses haviam atacado e queimado em 1643, surgira em finais de 1645. Francisco de Melo escrevera em Novembro desse ano ao Rei uma carta onde referia o episódio de Alcaraviça (já aqui tratado numa série de artigos, os principais dos quais da autoria do Sr. Santos Manoel), e nela dizia que depois deste encontro, veio o Castelhano ao seu lugar chamado Telena, légua e meia desta praça [de Elvas], que estava arrasado por nós, e nele fez um forte onde tem perto de 100 infantes e artilharia, e uma tropa de cavalos; depois deste feito, se retirou à nossa vista e nos derrubou uma atalaia nossa, depois dos defendentes, que eram só 12, pelejarem o que puderam e matarem alguns do inimigo, com esta facção se retirou, e nós agora queremos ir, e cuido que permitirá Deus nos paguemos em dobro. (Cartas dos Governadores da Província do Alentejo…, vol. II, pg. 103, carta de 22 de Novembro de 1645). Entre os objectivos da campanha de 1646 estaria, pois, o recém-construído forte de Telena.

Passou o Inverno, cujo rigor impedira a realização de muitas incursões predatórias. Em Março de 1646, quando se já se amanhavam as terras e os rios estavam capazes de ser vadeados, veio o inimigo armar emboscada à cavalaria que fazia a ronda habitual a partir da praça de Elvas. Conforme refere D. Luís de Meneses, à cavalaria que se alojava em Badajoz se uniram algumas companhias dos quartéis vizinhos, e juntos mil cavalos se emboscaram no rio Caia, na parte em que entra no Guadiana. Foi sentido o rumor das tropas das vigias que de noite ficavam sobre os portos dos rios; vieram com diligência dar parte a Joane Mendes [de Vasconcelos, governador das armas]. Logo que amanheceu, mandou sair o comissário geral da cavalaria D. João de Ataíde, com 400 cavalos que assistiam em Elvas. (Conde de Ericeira, História de Portugal Restaurado, edição on-line (facsimile da edição de 1759), Parte I, Livro IX, pg. 162).

A partir daqui, espreitemos as memórias de Mateus Rodrigues, o soldado da companhia de D. João de Ataíde que participou nessa operação.

(…) Naquele tempo estavam poucas tropas [portuguesas em Elvas], que estavam muitos em Vila Viçosa e em Estremoz dando verde aos cavalos, e não havia cabo nenhum da cavalaria na cidade mais que o comissário, que era Dom João de Ataíde, que na paz não há ninguém que tenha melhor voto para a disposição da guerra, mas lá na campanha, à vista do inimigo, era outra coisa. (…) Assim como o inimigo teve junta a sua cavalaria, se veio de Badajoz uma noite até à ponte do Caia onde estavam as duas sentinelas nossas. (…) [O inimigo formou] uma partida de 20 cavalos com um cabo e [o seu comandante] mandou que entrasse pela ponte e que se fosse emboscar dentro dos olivais de Elvas. (…) Assim que os nossos vigias da ponte sentiram passar os vinte cavalos, que logo os contaram, (…) metidos [os vigias] num bosque notável debaixo da ponte, (…) logo veio um deles dar aviso à cidade. (MMR, pgs. 125-126)

O objectivo da cavalaria espanhola era atrair a cavalaria da ronda portuguesa a uma emboscada. Dez outros cavaleiros deviam passar a ponte, prevendo (e bem) que outro vigia que por ali estivesse iria  rapidamente até Elvas dar o alarme. E foi isso precisamente que aconteceu. Já sem sentinelas portuguesas para dar conta da movimentação das tropas inimigas, passou o inimigo a ponte sem haver quem o sentisse, e marchou às vinhas da Terrinha, que ficam junto do Guadiana duas léguas de Badajoz, e como se viu nos barrancos, deixou-se estar ali com suas sentinelas à vista de toda a campanha, que se punham em cima de uns álamos mui altos que estão junto do Guadiana (…). (MMR, pg. 127)

Logo que Joane Mendes recebeu os avisos sobre a presença inimiga, mandou que D. João de Ataíde saísse com as tropas de cavalo, de forma a proteger à distância a companhia da ronda. Deviam ir até à Atalaia da Terrinha, naquela altura já destruída pelo inimigo, e se não houvesse nada de anormal, que regressassem a Elvas.

E assim como amanheceu saímos todos (…), e a companhia da ronda diante, fazendo o que era costume. E já estávamos todas as tropas em atalaia, que não eram mais de oito e mui pequenas, que não tinham mais de 200 cavalos, quando vem um batedor nosso, correndo, dizendo que uma partida do inimigo de 30 cavalos avançava aos batedores (…), mas que já já vinha pelo campo acima em retirada. (MMR, pg. 127) D. João de Ataíde mandou então o tenente Lopo de Sequeira, militar natural de Elvas com reputação de muito valente, que tomasse 40 cavaleiros escolhidos entre todas as companhias, e que com eles tentasse cortar a retirada à força inimiga; mas que a não seguisse por muito tempo, se visse que a não conseguia alcançar.

Assim fez Lopo de Sequeira, e em pouco tempo estabeleceu contacto visual com o inimigo. Impetuoso, o tenente lançou os seus homens na perseguição, mas a pequena força intrusa foi tomando o caminho das vinhas da Terrinha, onde o grosso da cavalaria espanhola estava emboscado. Segundo Mateus Rodrigues, os soldados começaram a recear que se tratasse de uma armadilha, mas não ousaram dizer nada ao tenente. Só o furriel-mor da cavalaria, Afonso Rodrigues Tourinho, outro grande soldado, conterrâneo e amigo do tenente, levantou a voz para advertir o oficial: “Homem, que fazes, estás doido? Não vês que o inimigo nos foge para onde não tem porto nem saída? Não está bem claro que aquela partida nos leva de fio à sua emboscada? Não sigamos tal partida, que nos perdemos!” (MMR, pg. 128) Mas era Lopo de Sequeira homem de pouco miolo, segundo a expressão de Mateus Rodrigues, e vendo o inimigo quase alcançado, não quis passar por fraco dando ordem de volver. E respondeu ao furriel-mor que não lhe desse conselhos e que seguisse a partida do inimigo.

O inevitável acabou por acontecer. Já perto das vinhas, os 30 cavaleiros inimigos suspendem a fuga e voltam-se para enfrentar os seus perseguidores. Esta manobra acicatou ainda mais Lopo de Sequeira, que se lançou desenfreadamente para a armadilha. Com efeito, ao mesmo tempo que a pequena força fazia volte-face, a restante cavalaria espanhola saía do seu esconderijo e atacava  os 40 portugueses. Para Mateus Rodrigues – um dos escolhidos para integrar o destacamento de Lopo de Sequeira – e seus camaradas, foi tempo de debandar:

(…) Não fizemos mais que volver cada qual podia correr mais pelo campo acima, para a atalaia onde estava Dom João de Ataíde com as tropas, mas como os nossos cavalos iam muito cansados e a campanha atolava muito, (…) assim como voltámos logo o inimigo nos foi apanhando pouco a pouco, que quando chegámos à atalaia onde estava a nossa gente  não vínhamos mais de treze homens dos 40; só algum que tinha cavalo forte e aturador, esse escapou. (MMR, pg. 129)

Mateus Rodrigues acusa o comissário geral de tudo ter visto a partir da posição segura onde estava, e nada ter feito para ajudar quando a emboscada do inimigo se revelou. Com ironia, escreveu que D. João de Ataíde fez então o que podia fazer, que foi deixar-se estar ao pé da atalaia para nos dar calor [isto é, para dar apoio]. E assim se esteve até que o inimigo averbou com ele. E assim como lhe deu uma carga, virou à rédea solta para Elvas, pois não tinha outro remédio. E dali à cidade é uma légua, que toda ela nos foi o inimigo seguindo bem até dentro dos olivais, tomando ainda alguns soldados. E à entrada dos olivais houve muita bulha, em razão que caiu o cavalo a Dom João numa azinhaga. E porque o inimigo o não cativa[sse], se fizeram ali cava uns poucos nossos, onde se assinalaram grandemente o mesmo Lopo de Sequeira, que havia escapado lá de baixo e já havia feito na retirada milagres. E ali os fez muito maiores o meu alferes, que então era um Tomé Gomes de Carvalho, que por estar em casa do mesmo Dom João e o ver no perigo, fez o que se esperava dele e trouxe uma cutilada pelas costas. E assim mais fez grandes coisas o meu furriel (…) Agostinho Ribeiro, que foi o assombro dos soldados, que não há dúvida que, se não foram estes homens e outros mais, que Dom João se [haveria de] ver em grande risco.

(…) Assim como ele estava já em seguro, se foram retirando todos os mais para a cidade, porquanto o inimigo vinha já com o grosso, chegando-se muito, e desta vez entraram pelos olivais dentro sobre nós, bem até o meio deles, que lá lhe matámos ainda um cavalo, contudo o inimigo se volveu levando-nos 60 cavalos, e mui bons, e bons soldados. Mataram ali então a um bizarro soldado da minha companhia, por nome Gaspar Rodrigues, natural de Elvas. E mais, mataram-no depois de rendido, a sangue -frio. De sorte que toda esta perda e aperto em que nos vimos foi causa o dito Lopo de Sequeira, por não admitir os conselhos de quem tanta experiência e mais que ele tinha. E não deixou de levar mui boas repreensões, assim de D. João de Ataíde como do governador. (MMR, pgs. 129-130)

O próprio D. João de Azevedo e Ataíde não escapou a uma apreciação negativa por parte de Joane Mendes de Vasconcelos, o que corrobora a crítica à indecisão e à incapacidade como comandante que o soldado Mateus Rodrigues lhe faz nas memórias. D. Luís de Meneses narra assim o sucedido: Empenhou-se com tão pouca cautela, (…) que deu tempo ao inimigo a sair da emboscada e a se avançar, de sorte que, quando D. João se quis retirar, foi preciso ser com tanta pressa, que se lhe deu nome menos decoroso. (…) Sentiu Joane Mendes tanto a pouca prudência de D. João de Ataíde, e o receio dos soldados, e pedindo remédio a El-Rei para atalhar este dano, resolveu El-Rei que se passasse patente de governador da cavalaria a D. Rodrigo de Castro, com o mesmo soldo de oitenta mil réis cada mês que levava o Monteiro-mor general dela [Francisco de Melo], que se havia desobrigado daquele posto a respeito da sua muita idade; e foi juntamente provido no posto de tenente-general da cavalaria D. João de Mascarenhas, hoje Conde de Sabugal, que tinha chegado de Castela por França, e servido em Flandres de capitão de cavalos [tinha participado na batalha de Rocroi, em 1643]. (Conde de Ericeira, História de Portugal Restaurado, edição on-line (facsimile da edição de 1759), Parte I, Livro IX, pgs. 162-163).

Mudava-se, assim, o comando da cavalaria do Alentejo, empalidecendo a reputação militar de D. João de Ataíde, que receberia a definitiva machadada no ano seguinte, precisamente no mesmo cenário da Atalaia da Terrinha. Mas nesse ano de 1646 ainda haveria muita peleja. Sobre a campanha e o assalto ao forte de Telena nos ocuparemos nas partes seguintes.

Imagem: “Escaramuça de cavalaria”, pintura de Pieter Meulener.

A destruição parcial da ponte de São Felizes, 20 a 23 de Fevereiro de 1646, e outras operações na província da Beira

Depois de um interregno superior a um mês, o mais longo desde que iniciei o blogue, aqui regresso com um par de testemunhos da pequena guerra de fronteira, ambos aludindo a um acontecimento menor, mas de muita importância para a vivência das populações da raia. Trata-se do assalto e destruição parcial da ponte de São Felizes, um cenário do teatro de operações da província da Beira.

O episódio não mereceu mais do que duas linhas ao Conde de Ericeira na História de Portugal Restaurado, tendo certamente consultado para o efeito a breve notícia inserida na Relaçam geral de tvdo o svccedido nas fronteiras de Portugal o mes de Julho, & Agosto, com a tomada da Codiceira, & da Põte de Saõ Felizes na Beira, Em Lisboa, Na Officina de Domingos Lopes Rosa, Anno 1646. Este ano de 1646, em termos de operações bélicas, foi dominado pela última grande campanha ofensiva em vida de D. João IV, a partir do Alentejo, que culminaria nos combates de Codiceira e Telena. Todos os recursos materiais e financeiros foram mobilizados para aquela província, de modo que as restantes ficaram reduzidas ao preparo defensivo e às limitadas actividades da pequena guerra, que de resto caracterizariam o conflito nos dez anos seguintes. Há, no entanto, outras fontes que apresentam mais pormenores sobre este obscuro acontecimento.

A cópia de um manuscrito que em boa hora o amigo Julián García Blanco – a quem eu renovo os meus agradecimentos – me fez chegar às mãos, pertencente ao espólio da Biblioteca Nacional de Madrid, inclui duas cartas (na verdade, cópias coevas das cartas originais, para registo de arquivo, à semelhança das que se podem encontrar nos Livros de Registo da Secretaria de Guerra, em Lisboa) onde é feita menção à operação. A primeira delas, sem data, mas com o registo à margem de Fevereiro de 1646, foi enviada pelo Conde Marechal (D. Francisco de Mascarenhas, Conde de Serém e governador das armas) ao Rei. A outra carta não reporta em primeira mão, tendo sido escrita em Lisboa em 7 de Março de 1646 pelo padre António de Amaral, mas refere no seu conteúdo o que o doutor António Cabral de Castelo Branco, morador em Celorico, escreveu ao padre sobre o assalto à ponte de São Felizes. Dado o interesse de ambos os documentos, passo a transcrevê-los, vertendo-os para português corrente para melhor entendimento.

Cópia da carta para Sua Majestade, do Conde Marechal, sobre a Ponte de São Felizes

Em 20 do corrente mandei intentar a entrepresa da ponte de São Felizes, conforme a ordem de Vossa Majestade. Encarreguei esta facção ao sargento-mor Agostinho de Andrade Freire, soldado de mui boa satisfação. Levou a seu cargo 600 infantes e três companhias de cavalos, e com o favor de Deus se investiu com a ponte somente pela parte deste Reino, por se não poder vadear o rio. Avançou a nossa gente a uma torre forte que havia no meio da ponte, se ganhou com facilidade, logo se passou a gente necessária à parte de Castela [para] ocupar uma colina, posto muito importante para se trabalhar com seguridade, e para impedir o dano que por aquela parte o inimigo nos podia fazer. Julgou-se por tempo necessário um dia para se derrubar a ponte, e não se pôde conseguir em menos de três dias pela grandeza e fortaleza de sua fábrica, desta detença se resultou grande glória, com grande reputação às armas de Vossa Majestade.

O inimigo juntou tudo quanto pôde nestes dias e não ousou acometer a nossa gente, por termos postos avantajados e retirada segura, e só usou de tocar arma de noite em Almeida, entendendo se disparasse a artilharia com que se divertisse a nossa gente [ou seja, procurou fazer soar o alarme para que os portugueses retirassem da ponte e fossem socorrer Almeida], o que lhe não sucedeu por se entender que este era o seu desígnio.

A nossa gente está fortificando o lugar de Vermiosa, e com intento de se fazer atalaia no Cabeço das Mesadas, com que se julga ficarão os lugares de Riba de Coa com quietação e sossego.

Filipe Bandeira de Melo, governador da praça de Almeida, se houve com muito boa disposição e diligência nos aprestos de socorros de mantimentos e munições todos os três dias, com tanto cuidado que me obrigou a lembrar a Vossa Majestade seus procedimentos. Isto é em suma o que tenho sabido deste bom sucesso, de que me pareceu avisar a Vossa Majestade para o ter entendido. (…)

O segundo documento é mais breve, mas reporta uma outra acção, além da ponte de São Felizes.

Novas da Beira em carta de Lisboa do padre António de Amaral,  de sete de Março de 1646

Chegou carta do padre António Cabral de Castelo Branco, morador em Celorico, em que conta a facção da ponte de São Felizes na forma seguinte. O capitão Brás de Amaral, levando até mil soldados, acometeu a ponte e o castelejo, onde achou até 30 soldados castelhanos, os quais, querendo se defender, foram mortos pelos nossos; que vencido este primeiro encontro, passaram fazendo rosto ao lugar de São Felizes de Galegos, deixando oficiais fazendo minas na ponte, que constava de cinco fortes olhões, e tendo-lhe metida a pólvora nas minas, se mandou voltar os nossos e que passassem a ponte, à qual mandou dar fogo e fez voar pelos ares. Ficaram da nossa parte três ou quatro lugares dos castelhanos; com isto ficamos seguros deles poderem passar a nossas terras em Inverno; nelas andam já os nossos semeando os tremoços.

A segunda facção foi em 26 do passado, saíram da Sarça e da parte de Alcântara 40 cavaleiros a roubar-nos as terras das Idanhas, colheu-os da nossa banda a cheia dos rios. Saíram-lhe os nossos e cativaram trinta, os dez que os guiavam e eram portugueses traidores, temendo que, se os cativassem os nossos, haviam de ser arcabuzeados, se lançaram ao rio e nele se afogaram todos. (…)

Estes dois documentos complementam-se nas informações que dão sobre a destruição parcial da ponte de São Felizes. O limitado objectivo estratégico foi – como muitas vezes na pequena guerra de fronteira – o de proteger as populações das incursões predatórias do inimigo. Num pormenor diferem as duas cartas: o comando das operações. Enquanto o governador das armas refere ter atribuído o comando ao sargento-mor Agostinho de Andrade Freire, já as informações recebidas pelo padre de Lisboa indicam o capitão Brás de Amaral Pimentel – provavelmente o oficial que comandou as forças no terreno durante o assalto à ponte. Por outras fontes do período da Guerra da Restauração, sabe-se que Agostinho de Andrade Freire, apesar da sua reputação de soldado experiente, não gostava muito de expor a sua pessoa a riscos desnecessários. Quanto a Brás de Amaral Pimentel, viria a ser capitão-mor de Almeida nos inícios da década de 50, e nesse cargo teve alguns contratempos pessoais. Mas isso fica para outra ocasião.

Fonte: Biblioteca Nacional de Madrid, mss. 8187, “Relações manuscriptas de Portugal, desdo anno de 1643 athe 1646”.

Imagem: Vista parcial do perímetro defensivo da praça de Almeida, na actualidade. À direita, os quartéis de cavalaria, datando do século XVIII. Foto de JPF.