Um dia depois de D. Juan de Áustria ter saído de Badajoz com o seu exército, abrindo a campanha do Alentejo de 1663, era remetida ao Conselho de Guerra em Lisboa a lista da infantaria de que dispunha o exército daquela província. Quase 13.000 homens repartidos por oito praças, efectivos cuja junção levaria vários dias a concretizar-se, impedindo assim que fosse barrada a marcha ao exército espanhol que rumava à conquista de Évora.
As praças e as unidades nelas estacionadas eram as seguintes:
Estremoz
– Terço da Armada, do mestre de campo Simão de Vasconcelos e Sousa (irmão do 3º Conde de Castelo Melhor, o Escrivão da Puridade e valido do rei D. Afonso VI) – 825 homens, dos quais 87 de baixa por doença.
– Terço do mestre de campo napolitano D. Pedro Opecinga – 476 homens, dos quais 52 de baixa por doença.
– Terço do mestre de campo Tristão da Cunha de Mendonça – 287 homens, dos quais 9 de baixa por doença.
– Terço do mestre de campo Roque da Costa Barreto – 418 homens, dos quais 40 de baixa por doença.
– Terço do mestre de campo Lourenço de Sousa – 508 homens.
– Terço pago de Trás-os-Montes – 310 homens.
– Terço pago do Algarve – 457 homens (faltavam ainda 3 companhias, que eram esperadas em Estremoz).
– Terço de Auxiliares de Santarém – 310 homens.
– Terço de Auxiliares de Vila Viçosa – 212 homens.
– Regimento de Ingleses do tenente-coronel Thomas Hunt – 694 homens, dos quais 45 de baixa por doença.
– Regimento de Ingleses do coronel James Apsley – 495 homens.
– Companhias soltas de Italianos – 263 homens, dos quais 26 de baixa por doença.
Vila Viçosa
– Terço do mestre de campo D. Diogo de Faro – 279 homens.
– Terço do mestre de campo João Furtado de Mendonça – 543 homens.
Elvas
– Terço do mestre de campo Francisco da Silva de Moura – 734 homens.
– Terço do mestre de campo Fernando de Mascarenhas – 550 homens.
Campo Maior
– Terço do mestre de campo Pedro César de Meneses – 462 homens.
– Terço do mestre de campo francês Jacques Alexandre de Tolon – 360 homens.
– Terço pago de Cascais – 532 homens.
– Terço de Auxiliares de Avis – 350 homens.
Portalegre
– Terço do mestre de campo Alexandre de Moura – 630 homens, dos quais 130 de baixa por doença.
– Terço de Auxiliares de Portalegre – 400 homens.
(Na altura da elaboração da lista, tinha chegado a Portalegre o terço pago da Beira, cujo efectivo ainda não fora contabilizado.)
Mourão
– Terço do mestre de campo Martim Correia de Sá – 350 homens.
– Terço do mestre de campo Miguel Barbosa da Franca – 501 homens.
– Terço de Auxiliares de Évora – 541 homens.
Moura
– Terço de Auxiliares de Campo de Ourique – 600 homens.
– Terço de Auxiliares de Beja – 350 homens.
Castelo de Vide
– Terço de Auxiliares do Priorado do Crato – 320 homens.
A distribuição dos militares por praças era a seguinte:
Estremoz – 5.469 (dos quais 1.259 doentes).
Vila Viçosa – 822.
Elvas – 1.284.
Campo Maior – 1.704.
Portalegre – 1.030 (dos quais 130 doentes).
Mourão – 1.392.
Moura – 950.
Castelo de Vide – 320.
Fonte: ANTT, Conselho de Guerra, Consultas, 1663, maço 23, “Lista da infantaria que se acha nas praças desta prouincia de Alentejo em 7 de Maio 663”.
Imagem: Mapa da Província do Alentejo, c. de 1700. Biblioteca Nacional.
Não sei se já a conhece, mas é possível que lhe desperte algum interesse uma obra que agora vi: “Memórias históricas e militares relativas à guerra holandesa, a ataques dos franceses ao Rio de Janeiro, etc. -1630-1757”.
Pode ser consultada aqui:
Click to access anais_020_1898.pdf
Muito obrigado, caro Edgar Cavaco.
Aproveito para lhe expressar os meus votos de Bom Ano Novo.
Cumprimentos
Jorge Freitas
Caro Senhor,
peço desculpa por vir aqui com um facto que não tem a ver com este “post”.
Sigo com bastante interesse o que aqui é escrito e principalmente o que diz respeito à minha terra, Salvaterra do Extremo. Assim, vi uma referência, num documento escrito pelo sr. Juan Caro del Corral, a um quadro que se encontra no Museu Militar, em Lisboa, como sendo da tomada de Salvaterra, presumindo que se trata de Salvaterra do Extremo. Ora, depois de alguma pesquisa, o quadro refere a data de 1643, parece-me tratar-se de Salvaterra sim, mas da Galiza.
Se, por ventura, souber e quiser esclarecer-me, muito agradecido ficava.
Melhores cumprimentos.
João Celorico
Caro João Celorico
Muito agradeço o seu comentário e peço desculpa pelo atraso com que lhe respondo, mas tal deve-se ao facto de ter tido alguns problemas de tempo para dedicar à actualização deste blogue.
No que respeita à sua observação, não tendo tido oportunidade de voltar a observar no local o referido quadro, presumo no entanto tratar-se de Salvaterra da Galiza, rebaptizada Salvaterra de Portugal, cuja conquista em 1643 foi motivo de larga propaganda.
Com os melhores cumprimentos
Jorge Freitas
Parabéns pelo interessantissimo blog e pela generosidade em partilhar conosco, internautas do mundo inteiro.
Uma peça do Guardian sobre “reenactments” de batalhas da guerra civil inglesa : http://www.guardian.co.uk/travel/video/2011/jan/27/nantwich-cheshirecivil-war-video
Boa continuação,
S. Trifunovic
Caro Stanko Trifunovic
Muito agradeço as suas simpáticas palavras e também a ligação que aqui deixou para a interessante peça do The Guardian sobre a reconstituição de batalhas da Guerra Civil Inglesa.
Com os melhores cumprimentos
Jorge Freitas