Em 25 de Dezembro de 1659 recebeu o Conselho de Guerra uma carta de Lourenço de Amorim Pereira, governador da fortaleza de Viana do Minho (hoje, Viana do Castelo), dando conta da situação daquela fortificação.
Assim, segundo o governador, havia na guarnição 129 praças, em que entravam oficiais reformados, capelão, fábrica da igreja, corpo da guarda e “outras coisas” (não especificadas), com que vinham a ficar ao serviço pouco mais de 60 soldados. Destes, a terça parte eram galegos, “que por passarem do inimigo, se lhes mandou ali assentar praça”. O castelo necessitava, no mínimo, de 200 homens de guarnição, e para a eventualidade de um sítio não bastariam 800. Como em ocasiões anteriores não tinha sido dada solução a estes pedidos e como o inimigo dava então sinais de ir retomar a guerra por aquelas partes, voltou o governador da fortaleza a solicitar que a Rainha regente, D. Luísa de Gusmão, fosse servida mandar que, ao juiz de fora e ouvidor de Barcelos, fossem dados 100 homens, dos mais desobrigados; e ao corregedor e juiz daquela vila de Viana, 50. E que o vedor geral os lhes fornecesse armamento, vestuário e alimentação, como se fazia ao restante exército provincial. Mais acrescentava que havia naquela fortaleza um alferes vivo (ou seja, no activo) com 15 anos de serviço e muito capaz de toda a ocupação, e que daquela gente lhe fosse feita uma companhia.
O Conselho de Guerra deu o parecer que seria proveitoso ao serviço de Sua Majestade mandar despejar os galegos do castelo, e que em seu lugar fosse formada uma companhia das terras circunvizinhas, escrevendo-se para isso ao Visconde de Vila Nova de Cerveira.
Por decreto de 23 de Janeiro de 1660, mandou a Rainha Regente anda assim proceder.
Fonte: ANTT, CG, Consultas, 1660, mç. 20, consulta de 14 de Janeiro de 1660.
Imagem: Forte de Santiago da Barra de Viana, na actualidade (foto via Wikipédia).
O reino ficou desprovido de homens com as partidas para as possessões ultramarinas? Esse facto dificultava a defesa das fronteiras terrestres? Ou existiam outras razões? IP
Caro Rui Piteira,
No caso vertente, tratava-se de um problema da conjuntura de guerra. A prioridade das levas (ou seja, recrutamento de homens) ia para os exércitos provinciais. As defesas estáticas da costa passaram por esta dificuldade ao longo do conflito. De qualquer modo, a ameaça naval espanhola nunca se concretizou. Se tivesse sido, de facto, um perigo real e constante, decerto o aprovisionamento de homens, munições e vitualhas para as fortalezas costeiras teria assumido uma outra importância.
Com os melhores cumprimentos,
JPF