Estremadura espanhola, 1640-1668: concelhos e cargos concelhios face aos alojamentos militares – artigo online do Prof. Fernando Cortés Cortés

Um interessante artigo do Professor Fernando Cortés Cortés, originalmente publicado em 1993 na revista Penélope, está disponível online e pode ser descarregado aqui.

Imagem: “Cavaleiros abrigando-se da tempestade num estábulo”, pintura de Philips Wouwerman.

O Real Ejército de Extremadura em Julho de 1642

Mais uma vez estou em dívida para com o estimado amigo Juan Antonio Caro del Corral, que me fez recentemente chegar alguns documentos do Arquivo Geral de Simancas. Um deles diz respeito ao Real Ejército de Extremadura, que era oponente do Exército da Província do Alentejo no principal teatro de operações da Guerra da Restauração. Trata-se de uma listagem detalhada das unidades e respectivos efectivos, semelhante às que tenho divulgado para o lado português. Aqui o transcrevo, traduzido para português, deixando os meus agradecimentos ao Juan Antonio.

Relação dos oficiais e soldados que apareceram na mostra que em três do presente mês [de Julho] se fez ao quatros terços seguintes, nos quartéis de Valverde e Villar del Rey

a) INFANTARIA

Em Valverde

Terço da Nobreza

Companhia do mestre de campo: 6 oficiais, 10 soldados; total: 16 homens.

Companhia do capitão D. Cristoval Hortuño: 6 oficiais, 13 soldados; total: 19 homens.

Companhia do capitão D. Francisco Ortiz de Cayas: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.

Companhia do capitão D. Fernando de Godoy: 7 oficiais, 24 soldados; total: 31 homens.

Companhia do capitão D. Alonso de Esquível: 6 oficiais, 47 soldados; total: 53 homens.

Companhia do capitão D. Cristoval de Vargas: 7 oficiais, 43 soldados; total: 50 homens.

Companhia do capitão D. Garcia Dávila: 6 oficiais, 44 soldados; total: 50 homens.

Companhia do capitão D. Juan de Villaverde: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.

Companhia do capitão D. Pedro Tasso: 6 oficiais, 21 soldados; total: 27 homens.

Companhia do capitão D. Juan Antonio de Rojas: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.

Companhia do capitão D. Lorenzo de Cevallos: 6 oficiais, 20 soldados; total: 26 homens.

Companhia do capitão D. Juan de Inegista: 5 oficiais, 5 soldados; total: 10 homens.

Companhia do capitão D. Suero Garcia Fuero de Valdés: 8 oficiais, 29 soldados; total: 37 homens.

Companhia do capitão D. Antonio Saens de la Peña: 8 oficiais, 33 soldados; total: 41 homens.

Companhia do capitão D. Antonio Juarez de Alarcon: 6 oficiais, 29 soldados; total: 35 homens.

Companhia do capitão D. Francisco Ortiz de Cayas: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.

Companhia do capitão D. Alonso de Parada: 6 oficiais, 13 soldados; total: 19 homens.

Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 13 oficiais.

TOTAL DO TERÇO: 123 oficiais, 464 soldados; total: 587 homens.

Terço do mestre de campo D. Francisco Xedler

Companhia do mestre de campo: 7 oficiais, 92 soldados; total: 99 homens.

Companhia do capitão D. Álvaro de Tomes [?]: 8 oficiais, 69 soldados; total: 77 homens.

Companhia do capitão D. Luis Manrique: 6 oficiais, 42 soldados; total: 48 homens.

Companhia do capitão D. Luis de Arrazola: 6 oficiais, 76 soldados; total: 82 homens.

Companhia do capitão D. Cristoval Calvo de la Banda: 6 oficiais, 65 soldados; total: 71 homens.

Companhia do capitão D. Francisco Velasco y Latorre: 6 oficiais, 55 soldados; total: 61 homens.

Companhia do capitão D. Manuel de la Rua: 7 oficiais, 65 soldados; total: 72 homens.

Companhia do capitão D. Diego Cortazar: 7 oficiais, 98 soldados; total: 105 homens.

Companhia do capitão D. Manuel Moreno: 8 oficiais, 79 soldados; total: 87 homens.

Companhia do capitão D. José de Olivares: 7 oficiais, 18 soldados; total: 25 homens.

Companhia do capitão D. Alonso Velloso: 6 oficiais, 93 soldados; total: 99 homens.

Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 7 oficiais.

TOTAL DO TERÇO: 81 oficiais, 806 soldados; total: 887 homens.

Terço do mestre de campo D. Patricio Geraldino, de nação irlandesa

Companhia do mestre de campo: 7 oficiais, 56 soldados; total: 63 homens.

Companhia do capitão D. Mauro Suyne: 6 oficiais, 41 soldados; total: 47 homens.

Companhia do capitão D. Diego Geraldino: 6 oficiais, 43 soldados; total: 49 homens.

Companhia do capitão D. Eduardo Butler: 7 oficiais, 57 soldados; total: 64 homens.

Companhia do capitão D. Edmundo de Burgo: 7 oficiais, 40 soldados; total: 47 homens.

Companhia do capitão D. Dionisio Cavanal: 6 oficiais, 47 soldados; total: 53 homens.

Companhia do capitão D. Raymundo Roch: 10 oficiais, 63 soldados; total: 73 homens.

Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 15 oficiais.

TOTAL DO TERÇO: 64 oficiais, 347 soldados; total: 411 homens.


Em Villar del Rey

Terço do mestre de campo Marquês de Falies [?]

Companhia do mestre de campo: 4 oficiais, 28 soldados; total: 32 homens.

Companhia do capitão D. Nicolas de Arevalo: 6 oficiais, 68 soldados; total: 74 homens.

Companhia do capitão Matias Sanchez Murillo: 6 oficiais, 62 soldados; total: 68 homens.

Companhia do capitão D. José de Velasco: 6 oficiais, 61 soldados; total: 67 homens.

Companhia do capitão D. Juan Carrasco y Zambran: 6 oficiais, 58 soldados; total: 64 homens.

Companhia do capitão D. Rodrigo Murillo: 6 oficiais, 45 soldados; total: 51 homens.

Companhia do capitão D. Bernardo Piñan del Castillo: 6 oficiais, 62 soldados; total: 68 homens.

Companhia do capitão D. Pedro Ruiz de Prado: 6 oficiais, 30 soldados; total: 36 homens.

Companhia do capitão D. Pedro de Peralta: 6 oficiais, 49 soldados; total: 55 homens.

Companhia do capitão D. Fernando Varela: 6 oficiais, 25 soldados; total: 31 homens.

Companhia do capitão D. Heronimo de Arce: 7 oficiais, 12 soldados; total: 19 homens.

Companhia do capitão D. Martin de Viana: 4 oficiais, 22 soldados; total: 26 homens.

Companhia do capitão D. Celedon Dencisso [?]: 6 oficiais, 17 soldados; total: 23 homens.

Oficiais maiores do terço [primeira plana]: 5 oficiais.

TOTAL DO TERÇO: 80 oficiais, 539 soldados; total: 619 homens.

TOTAL DOS TERÇOS EM VALVERDE E VILLAR DEL REY: 348 0ficiais, 2156 soldados; TOTAL: 2504 homens.

b) CAVALARIA

Em Barcarrota

Companhia do governador da cavalaria: 3 oficiais, 49 soldados; total: 52 homens.

Companhia de D. Alonso Velez: 4 oficiais, 54 soldados; total: 58 homens.

Companhia de D. Pedro Gonzalez de Sepiclueda [?]: 4 oficiais, 23 soldados; total: 27 homens.

Companhia de D. Alonso Velez: 4 oficiais, 54 soldados; total: 58 homens.

Companhia do Conde de Piñonrostro: 2 oficiais, 7 soldados; total: 9 homens.

Companhia de D. Francisco Sellan: 4 oficiais, 47 soldados; total: 51 homens.

Companhia de Pedro Pardo: 5 oficiais, 61 soldados; total: 66 homens.

Companhia de D. Gregorio Ortiz de Ibarra: 5 oficiais, 42 soldados; total: 47 homens.

Companhia de D. Juan Guerrero: 4 oficiais, 26 soldados; total: 30 homens.

Companhia que foi do capitão D. Juan Daza, que por sua morte se deu ao capitão D. Dionizio Ornahuno, que é formada de soldados de nações [ou seja, estrangeiros] que do Reino de Portugal se têm vindo a render a este exército: 2 oficiais, 64 soldados; total: 66 homens.

No Almendral

Companhia do Príncipe de Esquilache: 4 oficiais, 46 soldados; total: 50 homens.

Na Torre

Companhia do capitão D. Rodrigo de Cantos: 3 oficiais, 41 soldados; total: 44 homens.

Em Valverde

Companhia de Jaime Belmar: 5 oficiais, 19 soldados; total: 24 homens.

Companhia de D. Francisco Pacheco: 4 oficiais, 44 soldados; total: 48 homens.

Companhia de D. Juan de Inzueta: 4 oficiais, 29 soldados; total: 33 homens.

Companhia de D. Lucas de Ruezga: 3 oficiais, 18 soldados; total: 21 homens.

TOTAL DAS COMPANHIAS DE CAVALARIA EM BARCARROTA, ALMENDRAL, TORRE E VALVERDE: 56 0ficiais, 570 soldados; TOTAL: 626 homens.

A partir desta relação constata-se que o Real Exército de Extremadura contava com um total de 3.130 homens, dos quais  2.504 eram de infantaria (80%) e 626 de cavalaria (20%). De notar o elevado número de companhias (17) do terço da nobreza, bem como o rácio entre oficiais e soldados (mais de 1 oficial para 5 soldados) dessa unidade, o que, considerando o reduzido efectivo total, a tornaria pouco eficaz como unidade operacional. No entanto, neste segundo ano do conflito, a guerra fronteiriça ainda só conhecera pequenas operações de saque e pilhagem, e a situação do lado português era também de alguma ineficácia organizativa – algo que só começaria a ser mudado nos inícios de 1643, mas muito lentamente.

Fonte: Arquivo General de Simancas, Guerra y Marina, Legajo 1460, “Relación detallada del número de infantería y caballería que forma parte del denominado Real Ejército de Extremadura, acuartelado en la ciudad de Badajoz y villas circunvecinas. Julio de 1642″.

Imagem: Tropas holandesas desarmando-se (c. 1631). Pintura de Joost Cornelisz (1586-1666), Rijksmuseum, Amesterdão.

O Marquês de Torrecuso – por Juan Antonio Caro del Corral

No seguimento da listagem dos capitães-generais da província de Extremadura (Espanha), Juan Antonio Caro del Corral fez um longo comentário a propósito do Marquês de Torrecuso que, pelo seu interesse, é aqui destacado em artigo próprio. No final, acrescentei uma pequena transcrição do Manuscrito de Matheus Roiz a respeito do mesmo general.

Muy eficaz el listado de Capitanes Generales de Extremadura. A fin de profundizar algo más en la figura de aquellos soldados, sirva este ligero apunte sobre el Marqués de Torrecuso.

MARQUES DE TORRECUSO, CAPITAN GENERAL DE EXTREMADURA

Gerolamo Maria Caracciolo, III marqués de Torrecuso. Natural del Reino de Nápoles, fue un afamado militar que estuvo a las órdenes de la monarquía castellana, ocupando puestos de responsabilidad al frente del ejército imperial. Antes de llegar a Extremadura, destaco en la Guerra de Cataluña, dónde perdió a uno de sus hijos. También estuvo presente en el conflicto de los Treinta Años, llegando a vencer a las tropas francesas en la batalla de Fuenterrabía, librada en 1638.

Dada su condición italiana, no es de extrañar que junto a Torrecuso, llegaran muchos soldados de la misma nacionalidad. Entre estos cabe citar a Giovanni Giacomo Mazzacani-Maza, más conocido entre la tropa con el nombre castellanizado de Mazacan. Fue destinado al distrito cacereño de Alcántara-Sierra de Gata, tomando bajo su mando directo la guarnición existente en Zarza la Mayor.

Volviendo a los rasgos biográficos de nuestro personaje principal, fue el 8 de marzo de 1644 cuando Torrecuso hizo entrada en la ciudad de Badajoz, para hacerse cargo, con el pomposo título de Capitán General, de la defensa de toda la frontera extremeña.

Sustituyó al odiado Marqués de Santisteban, cuyo gobierno había provocado gran rechazo no sólo entre la tropa, sino en los propios habitantes de la región.

Torrecuso venía precedido de una aureola de gran militar y estratega, siendo su nombramiento del agrado de la mayoría de oficiales del ejército, el cual se encontraba en una situación bastante penosa, pues sus anteriores responsables se habían ocupado más de enriquecerse personalmente que de dirigir a la soldada.

Por el motivo anterior, el primer empeño del Marqués fue realizar una reforma general con la cual buscaba organizar adecuadamente a sus subordinados. En este sentido fue el primero que incluyo compañías de infantería a caballo, creando también el puesto de sargentía menor en cada uno de los tercios que componían el llamado Ejército de Extremadura.

Con estas labores pronto se gano la simpatía general y, en comparación con su predecesor, se llegó a decir “… i quanto a su antecesor el Conde de Santisteban desestimauan por su facilidad, tamto al Torrecuxo temian i respetauan por su entereça i valor…”.

Fue mucho el trabajo que el nuevo gobernador militar tuvo en su tiempo de mandato. La guerra en 1644 se recrudeció bastante, y las noticias de escaramuzas portuguesas en tierras extremeñas no dejaron de llegar, día a día, a la sede central de Badajoz.

Ejemplo de aquellos sucesos cotidianos para la gente de frontera los encontramos en la zona norte de la Raya, colindante con la Beira Baixa. Fue aquí dónde poblaciones como Membrío y Zarza la Mayor conocieron la crudeza de la guerra, al ser atacados en los meses de abril y mayo respectivamente.

Las armas castellanas de Torrecuso respondieron a aquellas y otras agresiones, con entradas en territorio lusitano, siendo la frontera pacense el escenario elegido para ello. Así, sitios como Ouguela vieron correr por sus campos a la caballería extremeña en más de una ocasión.

Sin duda alguna el momento álgido del gobierno de Torrecuso acaeció el día del Corpús, 26 de mayo, junto a las llanuras de la localidad de Montijo, muy cerca de Badajoz, lugar en el que se libró la que se considera primera batalla de la Guerra de Restauración.

El resultado del combate fue ambiguo, pues los dos bandos enfrentados se apropiaron de la victoria final. En todo caso parece que la batalla tuvo dos momentos clave, dominados cada uno de ellos, respectivamente, por sendas facciones. De hay la eterna duda de quien fue vencedor general.

Torrecuso no estuvo presente en el famoso lance, enviando en su lugar, como máxima autoridad de la tropa castellana, al Barón de Molinghem.

El año siguiente, 1645, continuo la misma tónica. Constantes alarmas y salidas cuyo fin básico era el ganado, realizar rapiña, incendiar poblados, desabastecer al contrario… En definitiva, la forma usual de realizar la guerra en una frontera muy extensa, defendida por un ejército poco profesional, pese a la laboriosidad de Torrecuso por mantener siempre el buen orden y disciplina.

Elvas, Campo-Maior, Jérez de los Caballeros y otros tantos lugares del sur, de nuevo se tornaron en escenario de encuentros campales entre fuerzas portuguesas y castellanas. Mientras tanto al norte, los vecinos de Zarza la Mayor, para vengar el ataque sufrido el año anterior, organizaron un nutrido grupo de jinetes voluntarios, los llamados Montados, semejantes a las compañías pilhantes de Portugal, con el cual batieron varias veces la comarca de Castelo Branco, quemando aldeas como Sao Miguel D´Acha, Ladoeiro, Alcafozes, Zebreira…

Debido a un permanente estado de tensión militar y la noticia de varias derrotas, la buena estrella de Torrecuso se fue apagando. También tuvo buena parte de culpa las rencillas internas, pues entre sus propios oficiales surgieron voces en contra, muy críticas con la forma de dirigir el ejército utilizada por el Marqués.

Él noble napolitano comprendió lo difícil de su situación, y no queriendo perder más crédito en la frontera extremeña, solicitó ser relevado de su cargo, cosa que ocurrió rápido, pues también en la corte de Madrid deseaban ver lejos al italiano.

Para sustituirle entró al mando el Marqués de Leganés, dº Diego Mesia Felipez de Guzmán. Las cosas con él tampoco cambiaron en exceso. Buena prueba es que, a poco de llegar al mando, se produjo el choque llamado posteriormente Ventas de Alcarabica.
Pero eso es otra historia.

Juan Antonio Caro del Corral

(Sobre o combate de Alcaraviça, veja-se o artigo gentilmente enviado pelo Sr. Santos Manoel, publicado aqui e aqui – com um acrescento de minha parte aqui).

A propósito do Marquês de Torrecuso, escreveu nas suas memórias o soldado de cavalos Mateus Rodrigues:

Agora falarei do grande soldado que era o Torrecruz [Torrecuso], que não havia em Espanha soldado como ele. Que a sua guerra foi a mais limpa que nenhum até hoje fez, porque nunca jamais quis que a cavalaria fosse às pilhagens, que as podia fazer mui boas, e também nunca quis derrubar os arcos da Amoreira [referia-se ao aqueduto que abastecia a cidade de Elvas], por onde ia a água à cidade, coisa que [a] havia de pôr em grande aperto, mas dizia ele que esas cosas no las hasian sino picaros. (MMR, pg. 91)

Mateus Rodrigues terá escrito esta passagem por volta de 1657. Se a sua memória em relação ao general espanhol não é muito exacta no que toca às operações de pilhagem, já o respeito que demonstra pelo comandante inimigo revela o legado de fama que Torrecuso deixou entre os soldados portugueses.

Imagem: “Soldados equipando-se”, pintura de Jacob Duck, Minneapolis Institute of Arts. Um detalhe deste quadro já foi incluído num artigo anterior. Note-se o equipamento dos soldados de infantaria (e do dragão que coloca a bandola com os “12 apóstolos” – veja-se as esporas, o que demonstra tratar-se de infantaria montada) e, como curiosidade, o modo de acordar o soldado adormecido, fazendo cócegas com uma espiga no nariz; um pormenor que é possível encontrar noutra pintura do mesmo autor.

Capitães-Generais – Espanha – Província de Extremadura

À semelhança do que foi aqui publicado a respeito dos Governadores das Armas das diversas províncias do Reino de Portugal, apresento agora a lista das personalidades que ocuparam o posto equivalente – Capitão-General – na província de Extremadura.

1641 – Manuel de Acevedo y Zúñiga, Conde de Monterrey.

1641-1643 – Juan de Garay Otañez y Rada.

1643-1644 – Conde de Santiesteban.

1644-1645 – Gerolamo Maria Caracciolo, Marquês de Torrecuso (napolitano; aparece referido em alguns documentos portugueses como “Marquês de Torrecusa”).

1645-1647 – Diego Mesía Felipez de Guzmán, Marquês de Leganés.

1647-1648 – Enrique Pimentel, Marquês de Tavara.

1648-1650 – Diego Mesía Felipez de Guzmán, Marquês de Leganés.

1650-1661 – Francisco de Tutavila y del Tuffo, Duque de San Germán.

1661-1664 – D. Juan José de Áustria.

1665-1667 – Luis de Benavides y Carrillo, Marquês de Caracena.

Bibliografia: TEODORO, Álvaro Meléndez – Apuntes para la Historia Militar de Extremadura, Badajoz, Editorial 4 Gatos, 2008, pgs. 105-123.

Imagem: D. Juan José de Áustria, filho ilegítimo de Filipe IV. Comandou o exército espanhol nas bem sucedidas campanhas do Alentejo de 1661 e 1662. Chegou a conquistar Évora em Maio de 1663, mas acabou por ser derrotado na batalha do Ameixial, em 8 de Junho do mesmo ano. Retrato de 1655-1660, Museu do Prado, Madrid.

Escaramuças raianas – Extremadura (partido de Alcántara), 6 de Março de 1652

Com a colaboração do senhor Juan Antonio Caro del Corral, serão apresentadas aqui algumas narrativas de operações militares desenroladas de um e outro lado da raia, na zona entre a Extremadura espanhola (partido de Alcántara) e a província da Beira. Sobre as características destas operações e a maneira como eram apresentadas nas Relações publicadas por ambos os contendores já fiz referência noutro artigo. O que hoje vos deixo tem a particularidade de ser respigado de uma Relação (ou melhor, Relación) dada à estampa do lado espanhol, pois refere uma vitória das armas de Filipe IV. O Conde da Ericeira também escreve, de passagem, sobre este insucesso português na sua História de Portugal Restaurado.
D. Francisco Totavila, Duque de San Germán, mestre de campo general e governador das armas da Extremadura, fora avisado das frequentes entradas feitas a partir da província da Beira, partido de Penamacor (a Beira fora dividida em 1647 em dois partidos, ou distritos militares: a norte o de Riba Coa, também designado como de Almeida, a sul o de Penamacor, também referido como de Castelo Branco). Estava-se em 1652 e era a Beira governada pelo mestre de campo general D. Sancho Manuel de Vilhena, que mais tarde viria a ser Conde de Vila Flor.

O Duque de San Germán encarregou D. Tomás Alardi, Conde de Troncan, general da artilharia do reino de Sevilha e governador das armas dos partidos de Alcántara, Coria e Sierra de Gata, de fazer uma entrada em Portugal, de modo a enfrentar e derrotar a cavalaria portuguesa. Este era um objectivo comum na pequena guerra de fronteira, quando a intensidade das pilhagens se tornava demasiado incómoda para a vida das populações. Diminuir a capacidade do inimigo através de uma operação que lhe causasse baixas militares significativas podia ser a solução – sempre temporária – para travar a frequência das incursões.

Tendo em vista esse fim, o Conde de Troncan mandou incorporar as tropas de Arroyo, Malpartida, S. Vicente e Valencia de Alcántara às de Moraleja. Entretanto, as forças portuguesas fizeram nova entrada até às proximidades de Moraleja com 200 cavalos, mas retiraram quando souberam que o comissário geral Juan Jacome Mazacan se aproximava com sete companhias de cavalaria. Foi então o comissário geral encarregado de levar a cabo uma entrada em Portugal, o que fez no dia 5 de Março de 1652, embora sem sucesso de maior, pois os portugueses tinham recolhido todo o gado e nada pôde ser furtado.

Por sua vez, o Conde de Troncan encetou a marcha rumo a Portugal. Ao amanhecer do dia 6 de Março topou com uma força portuguesa nos campos de Ceclavin. Eram 250 cavalos e 500 infantes que defendiam um vau do rio Alagón, no sítio chamado El Pontón. Faziam a cobertura de uma força de cavalaria que fora rapinar gado e que o recolhia em grande número. Procurou avisar o comissário geral Mazacan, que já se encontrava nas cercanias de Monfortiño e La Zarza. Lançado em perseguição dos portugueses, alcançou-os a meia légua de Alcántara, e os investiu

pelejando com tanto esforço que rompeu toda a cavalaria e infantaria inimiga, sendo o recontro tão sangrento que ficaram mortos na campina mais de 150, e entre eles um capitão de cavalos, dois tenentes, seis capitães de infantaria, o sargento-mor do terço [o que não se confirma por outras fontes, pois era António Soares da Costa, o Machuca, que ficou posteriormente a comandar o que restou do terço pago], cinco alferes e outros oficiais [incluindo um capelão] e 366 prisioneiros, tão mal feridos que morreu a maior parte. (…) Da cavalaria apenas escaparam 50 e os demais que faltam se vão recolhendo, de modo que passam de 200 os cavalos capturados e muitas armas, munições e apetrechos de guerra.

Do lado espanhol ficaram feridos dois capitães de cavalos – D. Gonzalo de Escobar e D. Andrés de Rada. Este morreu devido à ferida ter sido causada por um golpe de pique na barriga. Também morreram o alferes e 4 soldados da companhia de D. Andrés.

Os prisioneiros portugueses de maior nomeada foram o mestre de campo João Fialho, o governador da cavalaria do partido de Penamacor Gaspar de Távora, um sobrinho do príncipe de Marrocos, aventureiro, e quatro cavaleiros do hábito de Cristo. Ao todo, foram capturados 38 oficiais, 5 aventureiros, 4 tambores e 332 soldados, tendo sido recolhido todo o gado que a força portuguesa havia previamente pilhado.

Bibliografia: Relación del feliz succeso que han tenido las armas de S. Majestad, gobernadas del Conde de Troncan, en la Extremadura por la parte de Alcántara, contra las armas del tyrano, que gobierna dº Sancho Manuel, maestre de campo general del exercito rebelde. Sucedió miércoles 6 de marzo de este año de 1652. Transcrição enviada pelo senhor Juan Antonio Caro del Curral, a quem agradeço a gentileza.

Imagem: Cavalaria escaramuçando com infantaria. Reconstituição histórica da Guerra Civil Inglesa. Foto do autor. Kellmarsh Hall, 2007.