Armas e munições existentes na praça de Valência de Alcântara após a sua conquista pelos portugueses (1664)

024_ValenciaAlcantaraUma relação anexa a uma consulta do Conselho de Guerra revela a quantidade de material de guerra (e não só) que ficou a equipar a praça de Valência de Alcântara, após a sua conquista pelo exército do Alentejo em Junho de 1664.A relação foi elaborada em Estremoz, a praça principal da província do Alentejo (o equivalente a quartel-general) desde que o Conde de Schomberg resolvera retirar essa função a Elvas, por esta se encontrar mais exposta aos ataques do inimigo. O autor da relação foi o vedor do exército provincial, João Mendes Mexia. O documento é aqui vertido para português corrente.

Sete peças de artilharia, a saber: duas de cinco libras, que se acharam na mesma praça, dois meios canhões de 24 e três peças de dez, todas montadas. _7

Quatro reparos de sobresselente. _4

Duas mil e quatrocentas balas de artilharia para as ditas peças. _2.400

Oito rodas de reparos de sobresselente. _8

Quatro eixos de sobresselente. _4

Colheres, soquetes e lanadas e o mais pertencente à artilharia

Duzentos e dezoito mosquetes e arcabuzes que se acharam nos armazéns da mesma praça. _218

Oitenta partasanas que se lhe meteram. _80

Oitocentas granadas, em que entram 244 que se acharam na mesma praça. _800

Oitenta alcanzias de barro [panela de barro com matéria explosiva] que se acharam nos armazéns da mesma praça. _80

Mil e duzentas arrobas de pólvora, em que entram 476 que se acharam na dita praça. _1.200

Seiscentas e quarenta arrobas de pelouros de chumbo, em que entram 400 que se acharam na dita praça. _400

Quinhentas e cinquenta arrobas de morrão, em que entram 200 que se acharam na dita praça. _550

Mil e seiscentas ferramentas sorteadas, em que entram noventa e oito que se acharam na dita praça. _1.600

Cem marraços que se lhe meteram. _100

Vinte e quatro machados que se lhe meteram. _24

Quinze arrobas de ferro que se lhe meteram. _15

Doze arrobas de breu. _12

Dois alqueires de alquitrã. _2

Dezoito bombas aparelhadas. _18

Dois mil saquinhos de trincheira que se lhe meteram. _2.000

Mil ceitinhas de esparto que se lhe meteram. _1.000

Trinta tabuões de plataforma. _30

Tudo o que contém esta relação ficou dentro em Valença antes de levantar o exército.

Em três de Julho deste ano se lhe remeteram de Castelo de Vide cinquenta arrobas de morrão. _50

Em quatro de Julho se remeteu desta praça oitenta barris de pólvora, que pesaram cento e cinquenta arrobas. _80

Quarenta cunhetes de pelouros de chumbo, que pesaram cento e cinquenta arrobas. _40

Vinte bombas aparelhadas. _20

Duzentas granadas aparelhadas. _200

Cem rodelas. _100

Quarenta pistolas. _40

Cem panelas de fogo. _100

Quinhentos fachos. _500

Dez arrobas de breu. _10

Duas arrobas de salitre. _2

Meia arroba de enxofre. _ ½

Meia arroba de carvão de vides. _ ½

Duas arrobas de fio de carreto. _2

Doze varas de pano de linho. _12

Meio arrátel de alcanfor. _ ½

Quatro arráteis de cera. _4

Meia arroba de sebo. _ ½

Ficaram na dita praça, para se dar princípio a fortificação da dita praça, antes de levantar o exército, trezentos e cinquenta mil réis em dinheiro. _350.000

Hoje, sete do corrente, se remeteram quatrocentos mil réis para a fortificação dela. _400.000

Cento e vinte cinco arrobas de morrão. _125

Estremoz, 7 de Julho de 1664

João Mendes Mexia

Fonte: “Rellação da Artilharia Armas e muniçoenz que se tem remetido, e ficarão na Prassa de Valença”, ANTT, Conselho de Guerra, Consultas, 1664, mç. 24, documento de 7 de Julho de 1664, anexo à consulta de 19 de Julho.

Imagem: Praça de Valência de Alcântara, in La Memoria Ausente. Cartografía de España y Portugal en el Archivo Militar de Estocolmo. Siglos XVII y XVIII, de Isabel Testón Núñez, Rocío Sánchez Rubio y Carlos Sánchez Rubio (4 Gatos, 2006).