Introdução

Linhas de Elvas 

Este blogue é dedicado à História Militar do período da Guerra da Restauração, que também é designada, por vezes, como Guerra da Aclamação, a qual opôs Portugal a Espanha entre 1641 (ano do início das operações militares) e 1668 (ano da assinatura do Tratado de Paz entre os dois Estados vizinhos ibéricos). 

O conflito eclodiu devido à secessão de Portugal da (até então) monarquia dual, após a Revolução ocorrida em Lisboa em 1 de Dezembro de 1640. Na sequência dessa separação, o Duque de Bragança D. João, descendente de D. Manuel I, foi aclamado Rei, inaugurando a Dinastia de Bragança. Daí o termo Guerra da Aclamação (de D. João IV). Embora enfrentando desde o início muitas dificuldades no campo da diplomacia, face ao poderio internacional do Império Espanhol encabeçado por Filipe IV, da Dinastia de Habsburgo (mas também descendente de D. Manuel I), o reino de Portugal conseguiu readquirir a independência política – daí a outra designação para a guerra que se seguiu: da Restauração (da independência).

O longo conflito foi caracterizado pelas inúmeras escaramuças e acções de pequena guerra nas fronteiras, bem como vários cercos inconsequentes e poucas batalhas campais (Montijo, 1644; Linhas de Elvas, 1659; Ameixial, 1663; Castelo Rodrigo, 1664 – mais um recontro do que uma batalha campal, na verdade, mas a propaganda da época assim a recordou; Montes Claros, 1665). Numa fase inicial, entre 1641 e 1646, houve operações ofensivas por parte do exército português, desencadeadas sobretudo a partir da província do Alentejo – o principal teatro de operações durante toda a guerra. Depois, o objectivo estratégico passou a ser a contenção da ameaça militar do vizinho ibérico. Esta fase duraria até 1657. A partir daí, Filipe IV incrementou as incursões militares contra Portugal. A fase final da guerra seria caracterizada pelo crescimento dos efectivos militares envolvidos em operações e pelas campanhas e batalhas campais que acentuaram o desgaste financeiro de ambas as Coroas. As perdas e consequências a médio prazo revelar-se-iam mais negativas para a Espanha, cujo exército foi severamente batido em duas ocasiões: Ameixial e Montes Claros. A paz foi assinada em 1668: para além das dificuldades económicas e financeiras que afligiam os dois reinos inimigos, contribuíram para o definitivo ponto final no longo conflito as circunstâncias políticas internas (em Portugal, o afastamento de D. Afonso VI pelo seu irmão D. Pedro em 1667; em Espanha, a periclitante situação dinástica após a morte de Filipe IV em 1665) e as conveniências estratégicas das potências europeias, com destaque para a França e a Inglaterra.

Bibliografia:

COSTA, Fernando Dores, A Guerra da Restauração 1641-1668, Lisboa, Livros Horizonte, 2004. Uma reinterpretação do conflito que transcende a área da História Militar, muito útil como enquadramento.

ERICEIRA, Conde de, História de Portugal Restaurado, Porto, Livraria Civilização, 1945-46, 4 volumes. Reedição da obra de D. Luís de Meneses, 3º Conde de Ericeira, anotada e prefaciada por António Álvaro Dória. A 1ª edição deste clássico, em dois volumes, data de 1679-1698.

FREITAS, Jorge Penim de, O Combatente durante a Guerra da Restauração. Vivência e comportamentos dos militares ao serviço da Coroa portuguesa, Lisboa, Prefácio, 2007. Outra análise do conflito, no âmbito da História Militar, centrada no campo das mentalidades e cultura castrense.

 

Gravura: Batalha das Linhas de Elvas, 14 de Janeiro de 1659 (pormenor). Pintura do século XVII.

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